Roc Marciano — Marciology

Pedro Pinhel
Original Pinheiros Style
2 min readApr 3, 2024

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A direção de arte da capa, uma mistura de cartaz de filme do Hitchcock com tipografia a la Biz Markie — que, claro, também é uma referência a esse universo — jamais conseguiria fazer jus ao conteúdo de Marciology, sem sombra de dúvida o mais completo e irrepreensível disco do gênio Roc Marciano que já ouvi. E olha que o que não falta é disco bom desse maluco, hein? Não foram necessárias muitas audições pra eu me apegar com fervor ao novo play do MC e produtor nova-iorquino que, entre outras peripécias, é justamente creditado como o grande arquiteto da atual cena do rap underground, definida por alguns como ‘a nova golden era’ e que tem, em sua espinha dorsal, a formatação de um estilo que vem cativando a rapa com razão: o drumless. Tudo o que você ouve e já ouviu por aí que pode fazer parte desse grande amálgama contemporâneo, da turma da Griselda às produções de gênios dos controles como The Alchemist e DJ Muggs, passando por artistas como Curren$y, Action Bronson e os muitos “pós-”colombianos (CRIMEAPPLE, Al Divino, Estee Nack, Michaelangelo, Primo Profit: a lista é grande), além dos nossos brazilianos Barba Negra, Goribeatzz, Traumatopia, Galf AC, Mattenie e grande elenco, absolutamente tudo nesse metiê está mais direta do que indiretamente conectado a Roc Marciano. Dez das quatorze faixas do adequadamente nomaeado Marciology são produzidas por ele próprio, um feito impressionante se levarmos em conta que “Bad JuJu” e “Higher Self”, ambas produzidas pelo Alchemist, por exemplo, soam “apenas” igualmente boas. Tudo aqui é inspirador, das rimas e do flow de Marci à textura densa das produções — que sampleiam de tudo, de trilhas sonoras a música jamaicana — , o disco inteiro soa como uma impecável mixtape que, um dia, no futuro, fará parte de um estudo sobre o que de melhor se produziu no rap nos idos dos 2020s. Vai na minha.

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