Nicholas Craven & Boldy James — Penalty of Leadership

Esse me pegou de jeito, hein? É meio via de regra por aqui que os primeiros discos realmente bons de um ano qualquer começam a surgir depois de alguns meses, mas Penalty of Leadership fudeu bonito com a minha cabeça. Boldy James é um dos meus rappers preferidos da atualidade; seus últimos trampos com o Alchemist e com o próprio Nicholas Craven (o primeiro da dupla, Fair Exchange No Robbery, é de 2023) na produção são excelentes, mas é justamente um play com o glorioso Chan Hays, um produtor que até então nunca tinha ouvido falar, o queridinho da minha desprestigiada lista de melhores discos do ano passado: Prisoner of Circumstance é um daqueles trampos injustamente subestimados, que pouca gente ouviu e quase ninguém falou a respeito, mas que tão no meu olimpo dos discos de rap não só de 23, mas deste início de década. Aqui em Penalty of Leadership a coisa vai muito pra esse lado. Boldy, que há um ano sofreu um acidente horrendo de carro lá em Detroit e sobreviveu por coisa de Deus — ou do Dilla, já que Deus não existe — retrata a vida extra no Alex Kidd in Miracle World que ganhou e os perrengues do acidente de forma cirúrgica ao longo de onze faixas deliciosamente banhadas por samples de soul sobrepostos ao que o poeta resolveu chamar de drumless, estilo de rap que não faz a cabeça do meu amigo Tiago Nicolas porque ele é um tremendo dum vacilão. Candidato a disco do ano em janeiro?! Você me diz.

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