Mattenie & Barba Negra — Malbec & Fettuccine
"Fiz esse disco todo sem pegar uma bic"
Que disco é esse, meu glorioso? 2022 já foi pra disputa de pênaltis e o Barba Negra resolve soltar Malbec & Fettuccine, uma parceria com o wordsmith Mattenie, que — pasme — gravou suas rimas sem escrever nada no little black book. Pois é. O rapper de Jacareí (SP) meteu o Jay Z e chegou pra gravar com o disco inteiro na cabeça. Só isso. Bem simples, diz aí? A voz grave e o flow falado, quase sussurrado de Mattenie encaixam bem demais em um dos projetos mais completos produzidos pelo alquimista Barba Negra em tempos recentes — que não são poucos, e já vieram muito loucos. O título Malbec & Fettuccine faz referência a uma das parcerias mais cabulosas do rap nos últimos anos, o já clássico Alfredo, criado de forma conjunta por Freddie Gibbs e Alchemist. Se as bases meticulosamente criadas por Barba a partir de discos obscuros de música brasileira e o que mais estiver a seu alcance já viraram presença constante por aqui, o rapper do flow conversado e das ideias mais rápidas que meu raciocínio é uma grande novidade. Pelo menos pra mim, já que Mattenie é figura fácil na cena do pós-rap em terra brasilis, e é parte integrante da banca que considero o melhor movimento surgido no rap brasileiro em muito tempo. O disco inteiro soa como uma bem resolvida unidade sonora, mas preciso destacar "Tá Tudo Caro" (que conta com DJ Sleep riscando Wu Tang Clan), "Clássico de Rua" (a minha preferida) e as inspiradas "Sonho de Vários", que conta com a talentosa dupla do Síntese, e "Maritacas". Deixei o disco no loop durante a semana, posso afirmar que já ouvi pelo menos umas 50 vezes, e se liga: só melhora.
Se liga:
Que tal dar uma força pro OPS seguir firme e forte?
