Justin Timberlake — Everything I Thought It Was
Poucas coisas na vida tem tão poucas chances de dar errado quanto um disco do Justin Timberlake. E Everything I Thought It Was, que acabou de sair do forno, não foge a essa regra. Além de talentoso, carismático, bonito, engraçado, bom dançarino, conhecedor de rap, notório stickman e melhor ator que muito Bradley Cooper, JT é um artista com um puta feeling — e isso faz toda diferença. Macaco velho por conta da presença no showbiz desde os tempos de Clube do Mickey, ele se associou a uma banda de músicos pretos (até porque de bobo o rapaz só tem a cara), The Memphis Kids, que consegue replicar com técnica e respeito as batidas antológicas criadas por Timbaland pro clássico FutureSexLoveSounds, de 2006, e as décadas do embaixo dos holofotes fazem tudo parecer natural e autêntico. E, claro, tem a máquina: a mesma máquina que faz com que já exista um Tiny Desk customizado pra ele — inclusive com um novo layout que pudesse receber as duas dezenas de músicos da banda — , as clássicas participações no programa de seu amigo Jimmy Fallon ao lado de Questlove, Black Thought e de qualquer seja a formação do The Roots corporation® naquele mês específico (o que definitivamente não atrapalha no processo de associação a um universo cool e distante de outros ‘produtos’ de mesma origem) e as revistas de moda que seguem forçando a barra com “o novo look” de um cara que é basicamente magro e fica bem até de coletinho de formatura. O disco? Bom, o disco tem uma pegada obviamente pop, puxada praquele disco industrial (“Fucking Up The Disco”), e se adequa bem às (boas) produções do R&B contemporâneo (“Memphis”), e nem a participação dos truta do NSYNC (“Paradise”) compromete o resultado final. Timbaland (‘parental discretion is advised’) assina cinco das faixas, e tudo em Everything(…) é co-produzido pelo artista ao lado de nomes como Danja, Louis Bell and Cirkut. E nem precisa ser do fã-clube tipo eu pra curtir. Pode ouvir tranquilo.
